Marcelinho neto do
fazendeiro Antônio da Fazenda Passo Fundo, reuniu seus amiguinhos e
decidiram montar um espantalho para colocar no meio do milharal.
Diferente dos espantalhos que a gente conhece, decidiram montar o
espantalho com folhas de papel de jornal. Ele e seus amiguinhos
entraram no quarto do vô Antônio e pegaram a calça, o paletó, o
cinto e a camisa dele e correram para o meio do milharal juntamente
com o monte das folhas de papel de jornal e começaram a encher a
roupa dando forma ao espantalho. Bateram uma estaca e amarraram - no
com barbante.
- E a cara dele? –
disse Daniel.
Marcelinho correu até
a casa, entrou no quarto novamente e dentro da gaveta havia uma
porção de fotos de parentes. Assim, “passou a mão” numa foto
que achava que ficava bem como cara de espantalho e levou até o
milharal. Com certeza seu avô ficaria muito bravo, pensou ele, mas a
brincadeira é o que vale.
Assim que o espantalho
ficou pronto, apontavam para a cara dele e davam gargalhadas até
rolarem no chão. Escutaram dona Conceição dizer de longe, que o
bolo e o suco estavam na mesa, e puseram – se a correr, ficando
longe dali.
O espantalho ficou
sozinho no meio daquela imensidão do campo e da plantação de
milho. Bateu um vento forte e ele começou a se mexer, mexer, parecia
que ia se desmanchar, mas ao contrário do que se pensa, lutou
bravamente contra o vento se sentindo forte e mais forte até
perceber que estava andando. Refugiou – se debaixo de uma árvore,
e quando foi ver já estava à beira da estrada, onde caminhões
passavam a toda hora.
- Sai daí seu moleque,
quer morrer atropelado – gritou um caminhoneiro.
Ao avistar uma luz,
correu até lá. Era um lugar feito de cordas e estacas coberto com
uma lona de cor listrada de vermelha e branca. Diferente das crianças
que pulavam e gritavam o tempo todo na fazenda, as pessoas jogavam
bolinhas para o alto, outras tentavam se equilibrar em fios de nylon,
outras se dependuravam se jogando para lá e para cá.
De repente, o
espantalho sentiu alguém agarrando seu braço, e perguntou a ele:
- O que você faz aqui?
O espantalho não sabia
o que responder. O homem perguntou novamente:
- Você pagou a
entrada? Onde esta o seu bilhete?
Novamente o espantalho
não soube responder. Então o homem irritado disse:
- Onde está o seu
dinheiro? Sem din din, aqui você não pode ficar.
Mais do que depressa o
espantalho se pôs a correr, ficando o circo para trás. Então ele
teve uma ideia. Pensou:
- Como as crianças da
fazenda davam gargalhadas da minha cara, porque não posso ser um
palhaço?
No dia seguinte ele
voltou ao circo e se apresentou:
- Meu nome é Din Din,
sou palhaço e gostaria de uma oportunidade para trabalhar no seu
circo.
O homem que havia
agarrado ele pelo braço era o proprietário do circo e logo olhou
torto para ele; parecia conhece – lo. Estava desconfiado, achando
que já o tivera visto antes, rodopiando por ali. Mesmo assim, o
homem, fazendo – se de sonso, resolveu dar – lhe uma chance no
circo.
O espantalho apresentou
– se junto com os outros palhaços e as crianças davam muitas
risadas com o jeito e a cara dele. Hoje ele é a atração principal
do circo.