quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Corretora de ilusões

Eu e meu marido fizemos amor naquela noite. No dia seguinte tinha uma viagem marcada para fechar uma venda de um apartamento nas proximidades da Barra da Tijuca na cidade do Rio de Janeiro.
Já estava com a mala pronta do lado da cama. A alça estava ao meu alcance, poderia toca – la se quisesse, estava anciosa.
Meu marido desempregado e as contas aumentando, não poderia perder essa oportunidade.
Levantei – me, tomei meu banho, ouvi de lá debaixo, Dulcinéia bater a louça do café. Desci. A mesa já estava posta, dei bom dia a ela, tomei um gole de café e saí porta a fora, sabendo que no dia seguinte estaria de volta.
Receberia uma boa comissão. Pedi para ser escalada para essa viagem. Muitos corretores gostariam de estar em meu lugar. A comissão era boa.
Consegui fechar o negócio.
Olhei para o mar e sem chance de dar uma “entradinha”, não deu tempo. Retornei de volta a São Paulo.
Assim que cheguei em casa, Dulcinéia passava aspirador de pó no sofá. Anunciou que minha prima Carla havia chegado ontem à noite:

- Dona Angélica, sua prima subiu e não desceu mais.
- E o Marcos?                        
- Não vi ele descer desde ontem e até agora ninguém desceu. Sei não!

O “sei não” da Dulcinéia me deixou com a pulga atrás da orelha.
Subi as escadas e já no último degrau não precisei dar nem mais um passo. Vi no reflexo do espelho dependurado no hall de entrada do quarto, os dois deitados na minha cama.
Desci as escadas e disse à Dulcinéia:

- Por favor, me sirva o café.

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