terça-feira, 5 de novembro de 2013

Abotoaduras de ouro


Senhor Louveira é motorista da família desde meus quatro anos de idade. Minha tia Laura, sempre teve uma queda por ele. Percebi isto, em visita de outros rapazes que a cortejavam.
O senhor Louveira andava muito agitado naquela tarde, porque não achava as abotoaduras que vivia polindo, antes dos passeios com tio Onofre e tia Palmira.
- Finalmente! – respondeu – me quando perguntei se havia achado as abotoaduras.
- Estavam jogadas na porta do meu quarto – disse ele, aborrecido não entendendo o porquê foram parar lá.
O senhor Louveira tem um quarto nos fundos da casa. Praticamente viveu ali sua vida toda, uma vez que veio do interior, moço de tudo, para tentar a vida na grande cidade de São Paulo.
- Com certeza alguém desistiu de rouba – las e desistiu largando – as ali – disse – me ele, apontando o lugar onde as achara.
Não entendi o pensamento que o senhor Louveira de alguém querer rouba – lo. Para mim, ele se esqueceu de coloca – las deixando – as cair de suas mãos.
Assim que ele entrou no seu quarto, fui atrás dele, e seguida abriu o seu guarda – roupa e pegou um velho boné, cortou o forro dele e enfiou as abotoaduras, e fazendo um pequeno embrulho, com o boné mesmo, entregou para mim.
- A única lembrança que tenho de meu pai, são essas abotoaduras de ouro. Guarde – as para mim que um dia, as pedirei de volta.
Como um bem mais precioso que existia na face da terra, levei com cuidado o pequeno embrulho até o meu quarto, trancando – o com chave, na gaveta da minha cômoda.
Assim passaram – se dois meses e nada do senhor Louveira pedir – me de volta as abotoaduras, quando lembrei a ele naquela manhã de garoa fina.
- Bem lembrado. Entregue – me esta noite, quando pedirei a mão de sua tia Laura em casamento.
Fiquei feliz, porém, não estava surpreso, porque se gostavam e não acabaria em outra coisa, senão serem felizes pelo resto das suas vidas.
Agora, senhor Louveira não é mais o motorista da família e também não usa mais as abotoaduras de ouro. Ganhei - as de presente quando fiz meus quinze anos com os dizeres:
“Felipe use essas abotoaduras numa ocasião muito especial de sua vida, porque elas lhe trarão alegria e prosperidade”.
“Seu amigo, e tio Louveira”.

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