"Assim
que eu soube que ela estava grávida,
fui visita – la".
fui visita – la".
Rogério meu melhor
amigo, não me dava sossego enquanto não fosse visitar minha mãe
biológica. Soubera há pouco tempo, logo que fiz meus dezoito anos,
que não era filha legítima do casal Magalhães, gente da classe
alta da sociedade paulistana.
Nada me faltava e
naquela tarde no Jockey Club, Rogério me intimou a ir ao encontro
dela. Meus pais viajavam com certa freqüência e nada os impedia.
Meu pai era muito bem aposentado e minha mãe não lecionava há
alguns anos. Ficava sozinha naquela imensa casa. Sozinha não, porque
tenho a companhia da minha babá o tempo todo, e do motorista que foi
da empresa do meu pai, o senhor Edilson, que me leva a qualquer lugar
onde quero e a hora que for. Sozinha sim, no meu íntimo, quando fico
na janela do meu quarto vendo o gramado, as luzes que vem do fundo da
piscina, quando ando pelo jardim e meus dedos percorrem as hortênsias
que minha mãe cuida com tanto carinho.
No meu íntimo, sentia
algo diferente, da minha pessoa com meus pais. Sem ambição, não me
apegava a nada do luxo que me rodeava. E finalmente, soube que não
era filha legítima dos Magalhães.
De certo naquela tarde
não saberia o que me esperava. Senhor Edilson encontrava – se com
o endereço nas mãos. Chegamos num bairro não muito conhecido da
periferia de São Paulo. Saiu o senhor Edilson do carro e batendo
palmas no portão, apareceu entre as roupas que estavam dependuradas
no varal do quintal da casa, minha mãe. Vendo aquela mulher grávida
imaginei quando ela engravidou de mim, sem condições de me
sustentar, oferecendo – me para adoção.
Fiquei no carro e ela
acenou gentilmente para que eu fosse até ela. Neguei. Ao contrário,
pedi para que ela viesse onde eu estava. Mesmo com a ajuda do senhor
Edilson, ela sentiu certa dificuldade de andar.
Não era o nosso
primeiro encontro. Em outra ocasião, conheci meus avós, os pais
dela, que na certa incentivou na época, que algum casal me adotasse,
e aconselhando – a que vivesse sua vida. Não sei se vivi a minha,
ainda estou com dezoito anos, mas com certeza cuidarei da criança
que minha mãe espera, como se fosse meu filho. Sai do carro e corri
ao encontro dela. Ela me abraçou e me disse:
- Adriana,
preciso de você.
Ouça, se preferir...