Desde
que começou o ano letivo, Rodrigo ficava imaginando como seriam as
férias escolares no meio do ano.
-
Rodrigo, agora é a sua vez de soletrar a palavra EXCESSÃO.
-
Como professora?!
Era
assim em todas as aulas. Em sua cabeça, Rodrigo planejava uma
maneira de acabar com aquela armadura que ficava exposta no saguão
do Grand Hotel Royale localizado no centro de Capivarí na cidade de
Campos do Jordão, o point
da estação de inverno em São Paulo.
Os
pais de Suzi, colega de escola de Rodrigo, sempre combinavam com os
pais dele, de irem viajar no mês de Julho. Só assim poderiam
usufruir juntos, a estadia no hotel pela metade do preço, isso
porque Suzi tinha um grau de parentesco com o dono do hotel, o senhor
Bartolomeu, e que Rodrigo o chamava carinhosamente de tio Bartô.
Finalmente
chegaram as férias e hospedaram - se no Grand Hotel Royale. A
armadura feita de metal estava lá. Parecia mais brilhante desde que
Rodrigo a viu pela última vez; mas o ar de imponência da armadura,
o deixava com mais raiva. Mas, por que toda
essa vontade de Rodrigo em querer acabar com aquela pobre armadura,
que não poderia fazer mal a ninguém...
AS
FÉRIAS DO ANO PASSADO
Relembrando
o que aconteceu nas férias do ano passado, qualquer pessoa
entenderia o motivo. Rodrigo passava pelo saguão do Grand Hotel
Royale no horário do café da manhã. Ele estava feliz porque
andaria de teleférico, iria patinar na pista de gelo. Mais tarde,
fariam compras nas lojas do centro, e o que mais gostava de fazer:
degustaria a fondue de queijo no restaurante do tio Aluísio, à
noitinha.
Rodrigo
não perdoou a luva da armadura que bateu em sua cabeça, deixando –
o com um calombo e fizesse com que o passeio daquele dia fosse por
“água abaixo”, ficando seus pais presos no quarto do hotel para
poder cuidar dele.
-
Mamãe, minha cabeça dói – disse Rodrigo aos prantos.
DE
VOLTA AO PLANO DE RODRIGO
Rodrigo
faria com que a armadura, ficasse em pedaços. Colocaria o cachecol -
aquele compridão - que dava voltas em seu pescoço, em volta da bota
numa das pernas da armadura. Um nó bem atado e um puxão fariam o
resto. Imaginando - a despedaçada pelo chão do saguão do hotel,
pôs - se a rir. Suzi se assustou, achando que seu amigo estava
ficando maluco, rindo sozinho sem saber do quê.
E
assim aconteceu. Todos foram para o restaurante do hotel, tomar o
café da manhã. Rodrigo inventou que iria à recepção dar bom dia
ao tio Bartô. Sua mãe concordou que ele fosse e disse para que
deixasse o cachecol com ela, porque não estava tão frio para usa –
lo. Rodrigo fez que não ouviu. Seguiu até à recepção passando
pelo saguão onde encontrava – se num dos cantos, a armadura.
O
PLANO DE RODRIGO NÃO DEU CERTO
Logo,
Rodrigo estava ao pé da armadura, enrodilhando o cachecol na bota, e
atando o nó para então puxar e vir tudo abaixo, quando ouviu uma
voz perguntar:
-
Por que você quer fazer isso comigo?
Rodrigo
deu um salto para trás, batendo fortemente com o bum – bum no
chão, tanto que um dos hóspedes veio perguntar - lhe se ele estava
bem, se não havia se machucado.
Sem
entender de onde vinha à voz, continuou a olhar para a armadura.
-
Como você se chama – disse a voz.
-
Ro... Rodrigo – respondeu.
-
Rodrigo, não fique assustado. Esperei a sua volta para pedir – lhe
desculpas pelo que aconteceu na última vez que você esteve aqui.
-
Desculpas?! – Rodrigo dirigiu - se à voz, que saía da cabeça da
armadura.
-
Sim. Você lembra-se do dia em que eu bati a minha luva sobre a sua
cabeça?
-?!
-
Acontece que não fiz por acaso, mas foi para matar uma aranha que
estava sobre sua cabeça. Essa aranha vem me acompanhando há séculos
mais exatamente desde a Idade Medieval. Cansei de ouvi – la
cantarolando e tecendo enormes teias que me davam cócegas e me
faziam espirrar; e também, para que eu pudesse sair daqui dessa
armadura.
A
HISTÓRIA CONTADA AO RODRIGO PELO FANTASMA
-
Como você sabe armaduras não falam. Eu sou um fantasma dentro desta
armadura, mas fui gente um dia.
Rodrigo
escutando o que a voz dizia, teve vontade de sair correndo, mas
resolveu ouvir a história.
-
Essa armadura – disse o fantasma - é do século XIV. Pertenceu a
um dos cavaleiros do Rei. Sabendo que o castelo seria invadido pelos
seus inimigos, o Rei saiu às pressas deixando tudo o que havia lá
dentro castelo.
Como
cavaleiro do Rei, fui morto em batalha e ficava vagando pelo castelo
assustando algumas pessoas. Assim que o castelo foi deixado pelo Rei,
surgiram bruxas malvadas em busca de alguns pertences para levarem
para suas casas. Para esconder – me, pois eu estava com medo,
entrei na armadura. Duas bruxas avistaram a armadura onde eu estava e
assim começaram a brigar, jogando feitiço contra a outra.
-
Vou levar as botas para mim – dizia uma.
-
Eu quero as luvas e as botas – dizia a outra.
-
Mas o que eu vou fazer com as botas se eu fico sem as luvas?
-
Então, pode ficar com tudo! – retrucou a outra, lançando feitiço
e transformando – a numa aranha preta, gorda e feia.
Rodrigo
ouviu toda a história. Levantou – se do chão mais do que
depressa, saindo de perto da armadura, gritando pelo saguão:
-
Maaaanhêêê...
O
QUE SE SABE NO FINAL DA HISTÓRIA
A
aranha que era uma bruxa morreu mesmo. O fantasma saiu da armadura,
para ir embora para sempre, prometendo a si mesmo não assustar mais
ninguém. Rodrigo voltou para sua casa, já pensando nas férias do
próximo ano.
DE
VOLTA AO GRAND HOTEL ROYALE
Os
meses passaram – se depressa. Rodrigo ia bem a todas as matérias,
tirava excelentes notas, prestava atenção nas perguntas feitas pela
professora em sala de aula. Mas era chegada a hora de viajar, tirar
férias, se divertir.
Assim
que Rodrigo chegou ao hotel, deu um beijo no tio Bartô e foi ver a
armadura exposta no saguão. Para sua decepção, a armadura não
estava lá.
-
Tio Bartô, onde está a armadura que ficava no saguão?
E
tio Bartô explicou que ela havia sido enviada à Inglaterra, para o
Museu de História, onde era o seu lugar. Que aquela armadura foi
usada em batalha, por um grande cavaleiro, que morreu defendendo o
seu Rei. Sir Robert Stuart era o nome do cavaleiro medieval.
FIM