segunda-feira, 24 de março de 2014

Castigo dos deuses


Era mais um dia de aula onde estudávamos sobre a história da mitologia grega quando Fabiana virou - se e me disse que havia uma ”coisa” grudada no meu nariz. Achei que fosse brincadeira e não me importei, pois prestava atenção na aula.
- E é vermelha – ela me disse.
Quando cheguei à minha casa, minha mãe disse a mesma coisa:
- Filha, que “coisa” é essa no seu nariz?
Joguei a mochila sobre a cama e fui ao banheiro me olhar no espelho. Tinha aspecto de uma bola, grande e feia: era a minha primeira espinha.
- Bem na ponta do nariz! – e me pus a chorar porque meu nariz estava inchado e vermelho. Logo começou a doer. Apareceram muitas outras espinhas no meu rosto. Ficava com vergonha de ir à escola. Meus amigos ririam da minha cara.
Mamãe havia dito que era por causa da puberdade, uma coisa normal, mas tinhamos que tratar. Levou – me à dermatologista, médica que cuida da pele da mamãe. Chegamos ao consultório e nunca tinha ido a uma consulta na dermato.
Doutora Marília me disse para que eu evitasse o chocolate:
- Mas eu adoro chocolate!
Que eu também evitasse comer salgadinhos, frituras.
- Mas eu adoro as coxinhas da cantina da escola...
E que eu tomasse muita água e evitasse pegar o sol forte do meio – dia.
- Oh, não! Isso é castigo dos deuses – falei.
- Angélica, até você ficar melhor. Faça o tratamento: lave bem o rosto com sabonete, use a loção de limpeza e passe o protetor solar, tá tudo escrito nesta receita médica. E o mais importante: não esprema as espinhas para não infeccionar e deixar marcas na pele – disse – me a doutora.
- Tá bom - respondi.
Saí do consultório disposta a fazer o tratamento direitinho. E valeu a pena.
Hoje minhas colegas de escola tem inveja da minha pele, assim como a deusa Hera que tinha inveja da beleza de Afrodite, uma das deusas mais belas da mitologia grega.

terça-feira, 11 de março de 2014

O fantasma e a armadura


Desde que começou o ano letivo, Rodrigo ficava imaginando como seriam as férias escolares no meio do ano.
- Rodrigo, agora é a sua vez de soletrar a palavra EXCESSÃO.
- Como professora?!
Era assim em todas as aulas. Em sua cabeça, Rodrigo planejava uma maneira de acabar com aquela armadura que ficava exposta no saguão do Grand Hotel Royale localizado no centro de Capivarí na cidade de Campos do Jordão, o point da estação de inverno em São Paulo.
Os pais de Suzi, colega de escola de Rodrigo, sempre combinavam com os pais dele, de irem viajar no mês de Julho. Só assim poderiam usufruir juntos, a estadia no hotel pela metade do preço, isso porque Suzi tinha um grau de parentesco com o dono do hotel, o senhor Bartolomeu, e que Rodrigo o chamava carinhosamente de tio Bartô.
Finalmente chegaram as férias e hospedaram - se no Grand Hotel Royale. A armadura feita de metal estava lá. Parecia mais brilhante desde que Rodrigo a viu pela última vez; mas o ar de imponência da armadura, o deixava com mais raiva. Mas, por que toda essa vontade de Rodrigo em querer acabar com aquela pobre armadura, que não poderia fazer mal a ninguém...

AS FÉRIAS DO ANO PASSADO
Relembrando o que aconteceu nas férias do ano passado, qualquer pessoa entenderia o motivo. Rodrigo passava pelo saguão do Grand Hotel Royale no horário do café da manhã. Ele estava feliz porque andaria de teleférico, iria patinar na pista de gelo. Mais tarde, fariam compras nas lojas do centro, e o que mais gostava de fazer: degustaria a fondue de queijo no restaurante do tio Aluísio, à noitinha.
Rodrigo não perdoou a luva da armadura que bateu em sua cabeça, deixando – o com um calombo e fizesse com que o passeio daquele dia fosse por “água abaixo”, ficando seus pais presos no quarto do hotel para poder cuidar dele.
- Mamãe, minha cabeça dói – disse Rodrigo aos prantos.

DE VOLTA AO PLANO DE RODRIGO
Rodrigo faria com que a armadura, ficasse em pedaços. Colocaria o cachecol - aquele compridão - que dava voltas em seu pescoço, em volta da bota numa das pernas da armadura. Um nó bem atado e um puxão fariam o resto. Imaginando - a despedaçada pelo chão do saguão do hotel, pôs - se a rir. Suzi se assustou, achando que seu amigo estava ficando maluco, rindo sozinho sem saber do quê.
E assim aconteceu. Todos foram para o restaurante do hotel, tomar o café da manhã. Rodrigo inventou que iria à recepção dar bom dia ao tio Bartô. Sua mãe concordou que ele fosse e disse para que deixasse o cachecol com ela, porque não estava tão frio para usa – lo. Rodrigo fez que não ouviu. Seguiu até à recepção passando pelo saguão onde encontrava – se num dos cantos, a armadura.

O PLANO DE RODRIGO NÃO DEU CERTO
Logo, Rodrigo estava ao pé da armadura, enrodilhando o cachecol na bota, e atando o nó para então puxar e vir tudo abaixo, quando ouviu uma voz perguntar:
- Por que você quer fazer isso comigo?
Rodrigo deu um salto para trás, batendo fortemente com o bum – bum no chão, tanto que um dos hóspedes veio perguntar - lhe se ele estava bem, se não havia se machucado.
Sem entender de onde vinha à voz, continuou a olhar para a armadura.
- Como você se chama – disse a voz.
- Ro... Rodrigo – respondeu.
- Rodrigo, não fique assustado. Esperei a sua volta para pedir – lhe desculpas pelo que aconteceu na última vez que você esteve aqui.
- Desculpas?! – Rodrigo dirigiu - se à voz, que saía da cabeça da armadura.
- Sim. Você lembra-se do dia em que eu bati a minha luva sobre a sua cabeça?
-?!
- Acontece que não fiz por acaso, mas foi para matar uma aranha que estava sobre sua cabeça. Essa aranha vem me acompanhando há séculos mais exatamente desde a Idade Medieval. Cansei de ouvi – la cantarolando e tecendo enormes teias que me davam cócegas e me faziam espirrar; e também, para que eu pudesse sair daqui dessa armadura.

A HISTÓRIA CONTADA AO RODRIGO PELO FANTASMA
- Como você sabe armaduras não falam. Eu sou um fantasma dentro desta armadura, mas fui gente um dia.
Rodrigo escutando o que a voz dizia, teve vontade de sair correndo, mas resolveu ouvir a história.
- Essa armadura – disse o fantasma - é do século XIV. Pertenceu a um dos cavaleiros do Rei. Sabendo que o castelo seria invadido pelos seus inimigos, o Rei saiu às pressas deixando tudo o que havia lá dentro castelo.
Como cavaleiro do Rei, fui morto em batalha e ficava vagando pelo castelo assustando algumas pessoas. Assim que o castelo foi deixado pelo Rei, surgiram bruxas malvadas em busca de alguns pertences para levarem para suas casas. Para esconder – me, pois eu estava com medo, entrei na armadura. Duas bruxas avistaram a armadura onde eu estava e assim começaram a brigar, jogando feitiço contra a outra.
- Vou levar as botas para mim – dizia uma.
- Eu quero as luvas e as botas – dizia a outra.
- Mas o que eu vou fazer com as botas se eu fico sem as luvas?
- Então, pode ficar com tudo! – retrucou a outra, lançando feitiço e transformando – a numa aranha preta, gorda e feia.
Rodrigo ouviu toda a história. Levantou – se do chão mais do que depressa, saindo de perto da armadura, gritando pelo saguão:
- Maaaanhêêê...

O QUE SE SABE NO FINAL DA HISTÓRIA
A aranha que era uma bruxa morreu mesmo. O fantasma saiu da armadura, para ir embora para sempre, prometendo a si mesmo não assustar mais ninguém. Rodrigo voltou para sua casa, já pensando nas férias do próximo ano.

DE VOLTA AO GRAND HOTEL ROYALE
Os meses passaram – se depressa. Rodrigo ia bem a todas as matérias, tirava excelentes notas, prestava atenção nas perguntas feitas pela professora em sala de aula. Mas era chegada a hora de viajar, tirar férias, se divertir.
Assim que Rodrigo chegou ao hotel, deu um beijo no tio Bartô e foi ver a armadura exposta no saguão. Para sua decepção, a armadura não estava lá.
- Tio Bartô, onde está a armadura que ficava no saguão?
E tio Bartô explicou que ela havia sido enviada à Inglaterra, para o Museu de História, onde era o seu lugar. Que aquela armadura foi usada em batalha, por um grande cavaleiro, que morreu defendendo o seu Rei. Sir Robert Stuart era o nome do cavaleiro medieval.
FIM

sexta-feira, 7 de março de 2014

Tempo esquisito



 Versos cantados
Há muito tempo eu não beijo
Há muito tempo eu não durmo
Tudo o que eu vivi
Não me valeu um segundo

Há muito tempo eu não danço
Há muito tempo eu não fico
Acho que este tempo
É um tempo esquisito

Procuro alguém para olhar
Estão olhando para o celular
Procuro alguém pra falar
Estão todos com fone de ouvido

Eu abro o meu guarda – chuva
Pra proteger – me do sol
Acho que esse tempo
É um tempo esquisito