sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Mão no ombro.


Trabalho de motoboy numa distribuidora de autopeças há dois anos desde que ganhei a moto CG 125 Honda do meu pai de aniversário. E é assim que ganho a vida. Trabalho ½ período na empresa na parte da manhã sendo que pela tarde, estou terminando o 3º. Colegial. Naquele final de tarde assim que cheguei em casa, minha mãe pediu – me para ir à padaria. Estacionei a moto na garagem e fui a pé. Comprei o pão e leite, e ao voltar passou um homem de capuz por mim e senti a mão dele tocar meu ombro. Não reconhecia quem era, mesmo assim dei "boa noite". Apesar de cansado, o fato de ele tocar a mão em meu ombro me deixou aliviado.
No dia seguinte fui de moto para o colégio. Perdi a hora, estava atrasado. Chovia e com a moto em alta velocidade, derrapei no asfalto, bati com a cabeça, sentia correr o sangue sobre a vista direita, o capacete partiu -se  na queda. Logo juntaram – se pessoas a minha volta e chegaram os “anjos do asfalto”, que tentou me reanimar, vi tudo. Senti tocar novamente aquela mão que me tocara da outra vez, sobre meu ombro. Me senti aliviado e de repente eu estava de pé. Vi o homem de capuz esgueirando – se entre as pessoas. Perguntei ao senhor que estava ao meu lado:
- Por favor, o senhor conhece aquele homem de capuz?
- Sim, Ele se chama Jesus.

Major Maurício


Leitores
Peço licença para dizer que leia esta história somente quem leu a história “Caixinha de veludo vermelho” 
(postagem de 27/08/2.013).
Obrigada
Lúcia Fátima
No ano de 2.013, em que nave Galileu Galilei foi encontrada debaixo do que restou da floresta Amazônica, o Major Maurício teve um enterro digno de um herói.
No ano de 2.052, a construtora Magalhães & Júnior não pôde prosseguir com as obras. O presidente dos Estados Unidos assim que aqui chegou, disse às autoridades:
- A NASA numa parceria com o Brasil, construirá um parque temático neste local e muitas árvores em volta, para as crianças brincar.
- (aplausos)
No ano de 2.090, Valquíria no Museu.
- Senhor Monteiro, envie a caixinha de veludo vermelho ao nosso presidente. Arquive o processo e damos o caso por encerrado.
O Presidente da República ao receber a caixinha de veludo vermelho pronunciou em rede nacional:
- “Brasileiros, como todos sabem, temos o chip com as historinhas da Lúcia Fátima*, guardado na caixinha de veludo vermelho como uma joia preciosa, graças ao Major Maurício”. (*) Para quem não sabe, Lúcia Fátima frequentava a biblioteca pública e participava de encontros e palestras. Observava nas obras de autores como Lima Barreto e José de Alencar, a cultura indígena, a língua tupi-guarani, a variedade no linguajar dos brasileiros e como acreditava que nossa língua portuguesa pudesse ser chamada de língua brasileira. “Meus caros brasileiros, eu e meu governo, o Ministro da Educação e a Academia Brasileira de Letras concordamos com os ideais de Lúcia Fátima. Assim decretamos nesta data que a nossa língua português brasileiro, passará a ser chamada de língua brasileira.”
Muito obrigado a todos.”

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Caixinha de veludo vermelho.


HOJE – Últimas notícias.
Milhares de pessoas acompanharam o lançamento da nave Galileu Galilei do Centro Espacial John F. Kennedy . Nosso astronauta brasileiro o Major Maurício seguia em missão rumo à Estação Espacial Internacional quando lamentavelmente, precisou retornar. Previsto local para aterrisagem o que se sabe é que até agora a nave não pousou. A NASA encerrou as buscas.”

 

Ano 2.052 – Últimas notícias
Depois de 39 anos, foi descoberto debaixo do que restou da floresta Amazônica, graças a mais um empreendimento da Construtora Magalhães & Júnior, a nave Galileu Galilei, onde encontrava – se em missão em 2.013, o astronauta brasileiro Major Maurício. Peritos disseram que tudo o que havia dentro da nave estava intacto.”


Ano 2.090 – Museu do Ar e do Espaço do Estado de São Paulo.
Valquíria perdida em seus pensamentos.
Como é engraçado o ser humano e a mania de guardar coisas velhas e usadas”.
- Senhorita Valquíria?
- Fala Senhor Monteiro.
- Chegou o material que a senhorita tanto esperava.
Valquíria esperou mais de três anos por esse evento. “Os anos passam, mas a burocracia continua.” É a caixinha de veludo vermelho, encontrada nas mãos do astronauta brasileiro, o Major Maurício.
- Veja Senhor Monteiro. Tem um chip dentro dela e um bilhete.

Clique na imagem para ler o bilhete.

Aquário de loja

Era uma vez um peixinho que vivia no aquário de uma loja. O peixinho adorava se exibir. Gostava de fazer teatrinho, dançar e fazer malabares. E toda vez que ele se exibia jogavam moedinhas dentro do aquário. Ver aquelas coisas redondas, douradas e que brilhavam deixava – o animado. Acontece que o aquário já estava ficando cheio daquelas coisas e se viu apertado, apertado e muito apertado e isto o deixou preocupado. Triste, ficava no canto do aquário. Quando o dono da loja percebeu, despejou tudo o que havia dentro da pia.


– E agora? – se perguntou - vou para dentro do ralo.

Mas para seu alívio, foi mergulhado em uma água limpinha.

- Onde estão meus brinquedinhos? Os malabares, a varinha mágica, a sapatilha de dança? – pensou.

Não demorou, foi jogada dentro do aquário uma coisa redonda e dourada, só que se mexia. Era uma linda peixinha.

- E agora? – pensou. O que vou fazer para me exibir para essa linda peixinha dourada.

E o peixinho começou a correr atrás dela, e fizeram AMOR. Seus brinquedinhos voltaram. Ele ficou muito contente. Agora o peixinho se exibe para os vários peixinhos dourados que surgiram do amor entre os dois. E aquelas coisas redondas, douradas e que brilhavam, não existe mais, a não ser a FELICIDADE dentro daquele aquário.




segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Cigarro, não obrigado.


"Acordei com um par de asas em minhas costas.”
Saí da faculdade e uma turminha se formava à porta. Era sexta – feira e costumávamos ir a um barzinho, ali perto.
Bebida e cigarro eram o que mais rolava entre a gente, mas sempre neguei o cigarro. Beber não podia porque os remédios para pressão alta não deixavam.
Meu pai, cardiologista, pegou uma vez minha irmã fumando no quarto e o sermão de duas horas me fez ver que eu não tinha saco para isso; então fumar nem pensar.
Fui a óbito por causa de uma doença, não do pulmão, mas do coração, mas até aí, tanto faz. Acordei com um par de asas em minhas costas. Eram branquinhas e me sentia leve. Eu voava como Ícaro*.
Perguntei ao anjo que passava:
- Porque aqueles com asas cinzentas não voam?
- Por que estão cheios de nicotina em seus pulmões, e levarão anos para voar.
(*) Na mitologia grega, Ícaro (em grego, ἼκαροςÍkaros — em latim, Íkaros e em etrusco, Vicare) era o filho de Dédalo e é comumente conhecido pela sua tentativa de deixar Creta voando – tentativa frustrada em uma queda que culminou na sua morte. Fonte de pesquisa: Google/ Wikipédia.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Thaty


Logo que mudamos para a casa nova, bateu na nossa porta um menino com um cachorrinho no colo e perguntou se eu gostaria de criá – lo. Eu disse que sim, sem consultar meus pais, mas aceitando ou não, tornou – se a alegria da casa. Na verdade era uma cadelinha e logo foi batizada com o nome de “Tati”. Não, “Thati”, um tanto estranho. Então pensei: Thaty, perfeito! E foi assim, Thaty com h e y.
“Tati”? – perguntavam.
Sim – respondia. Thaty com h e y.
Thaty veio a falecer e coincidentemente foi lançado no mercado, um perfume com o mesmo nome. Não quero mostrar com essa história que alguém tenha copiado alguma coisa de alguém. É que parece que tudo que você cria, ou já existe ou é copiado. Por isso alguém disse um dia: “nada se cria, tudo se copia”.

Chiquete


Sejam bem-vindos

 
Agradeço a todos que acessaram este blog para ler minhas historinhas. 

Aproveito para informar mais um canal de comunicação:

 
Faça seu comentário, dê sua sugestão.

                                                                              Lúcia Fátima

DNA* seriado de TV



Desci do prédio aonde trabalho, virei à esquina da Rua Haddock Lobo e entrei no restaurante como costumo fazer todo fim de tarde: jantar, ir para casa tomar um banho e cair na cama para assistir o filme DNA, um seriado que passa na TV a cabo. Aquele dia foi atípico; encontrei minha tia Jackie junto com seu companheiro em uma mesa num canto do restaurante, cumprimentei – os e fui me servir, pois eles já estavam jantando. Logo, despontou meus primos na porta e o pequeno William correu em minha direção. Meus primos, simplesmente desapareceram. Falei para o pequeno William que fosse com tia Jackie na outra ala do restaurante, e ele obediente foi. Sentei – me a mesa, quando ouvi vozes e muitas gargalhadas. Curioso, levantei e fui ver o que acontecia. O pequeno William estava no colo da estrela do filme DNA, Leandra Thompson. Pasmei! Dei um sorriso e delicadamente tirei o pequeno William das mãos da atriz, e neste momento, vi meus dois primos conversando com minha tia Jackie e seu companheiro que por sinal, não estavam nem aí. Entreguei a criança para o pai e disse a ele:
- Cuida bem do seu filho! – e saí, deixando meu jantar na mesa.


Fui para casa e refleti sobre a responsabilidade de cuidar de um filho, sendo ele adotivo ou não. Tomei meu banho e fui dormir.

(*) DNA conta a história de uma advogada que só apronta com seu marido e também o seu amante. Apesar de não ter juízo, não falta nada para seus três filhos, dois legítimos e um adotivo. Na trama do filme, aparece um rapaz mais velho dizendo – se ser filho dela. Foi feito um exame de DNA onde aguarda – se o resultado do exame.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Laço de fita no cabelo


Mamãe passou a manhã inteira vendo fotografias antigas. Ela me mostrou algumas fotos e dei risadas vendo aquelas meninas com laços de fita no cabelo, achei ridículo.
Saí para o trabalho e passando de ônibus pela Rua Martins Fontes, vi duas pessoas abrindo as portas de uma loja de móveis usados. Arregalei meus olhos, pois vi uma das moças com um laço de fita no cabelo. Lembrei – me das fotos antigas espalhadas pela mesa da cozinha hoje pela manhã.
Precisava comprar uma cadeira para meu quarto e logo veio à mente aquela loja de móveis usados. Fui num sábado comprar a tal cadeira, e lá estava a moça com o laço de fita no cabelo.
Era uma menina!

Agora, toda vez que passava em frente à loja, da janela do ônibus, acenava - lhe a mão. Estava apaixonado.
No outro sábado fui até a loja e convidei – a para irmos ao shopping no domingo para tomar um sorvete. Ela aceitou.
Pretendo pedi – la em namoro e quem sabe casar com ela.
E pensar que achei ridículas as fotos, das meninas com laços de fita no cabelo.


Meu primeiro...

                                            Pinicava, me irritava, apertava.
                                            Sentia raiva.
                                            Na aula de educação física, ele abria.
                                            A alça caia, ficava suada. 
                                            Quando tirava, me sentia aliviada.

 Mamãe falava:
 - Usa filha, você se acostuma.
 E nervosa, agitada.
 Aflita, eu usava.

 Comecei a gostar dele. Segurava, sustentava.
                                            E eu namorava, meu primeiro sutiã.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Anêmica



         Pálida, cansada, desanimada.
         Que sono! Vejo escuro.
         Desmaio, eu caio.
         Tomo ferro   
         Não quero! Resisto.
         Náusea, eu vomito.
         Melhoro. De volta ao mundo.
         Agradeço a Deus por tudo.

Yard, você me traiu.


Viajava muito pela Europa. Trazia de lá perfumes caros como Givenchy, Chanel. Minha irmã usava todos até acabar com eles. Ficava p... da vida. Dessa vez ao chegar da Turquia com o perfume Yard, disse a ela:
- Pode usar a vontade, mas deixa um pouquinho pra mim, tá?!
Naquela noite fui à balada. Passei o perfume e acho que o Yard me deu sorte. Com a fragrância das “mil e umas noites”, conquistei o amor da minha vida. Logo nos casamos e fiquei grávida.
No terceiro mês de gestação, recebi um telefonema:
- Seu marido está se encontrando com outra – disse a voz.
Desliguei o telefone achando ser um trote. Mesmo assim pensei em meu marido chegando todos os dias do trabalho mais tarde do que de costume:
- Não pode ser – disse eu em voz alta.
No dia seguinte recebi outra ligação.

- Seu marido se encontra com outra, bem no final da rua onde você mora – disse a voz do outro lado.
- Não acredito! – e bati o telefone.
Peguei minha blusa de lã, coloquei nas costas e sai porta afora, para saber se era verdade. No final da rua, encontrei o amor da minha vida aos beijos com minha própria irmã, que usava o meu perfume Yard.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

LCD


Trabalhei em escritório de contabilidade, quando uma doença acometeu meu patrão e o escritório precisou fechar. Até não me formar em administração de empresas, e sem trabalho, procurei um estágio, mas o trabalho de operador de telemarketing, foi o que encontrei. 
Trabalhar de segunda à sexta – feira, no período da tarde com dez minutos de descanso, foi o suficiente para ficar com as vistas vermelhas e ardendo. Descobri que além das horas exaustivas olhando para a tela do computador, a tela era de LCD. 
Não existe protetor de tela como nos antigos monitores, e aquela cintilação*, um defeito de tela, foi o suficiente para querer sair do emprego. Fui ao oftalmologista que recomendou lentes para computador chamadas de vídeo filter. 
Assim como colírio, as lentes não resolvem, mas ajuda a enfrentar a jornada diária frente uma tela de LCD. Não pretendo
colocar qualquer coisa nos meus olhos, porque quero continuar enxergando, o quanto a vida é bela.
(*)ou efeito flicker

Bonecas ao vento


Desde que nasci, cresci vendo uma boneca de louça com seu corpo feito de pano, toda molarenga, que só queria dormir. Seu nome: soneca. Essa boneca sumiu dando lugar a outra de borracha, que seria uma enfermeira com chapéu da cruz vermelha. Jogava de um lado para o outro, mas vivia abraçada nela. Fui crescendo e ganhei uma de plástico comprada na feira, mas foi tomada pela afilhada da minha mãe que queria a boneca de qualquer jeito. Logo me deram uma que quando apertava os bracinhos, apagava as velinhas. Nunca risquei minhas bonecas com caneta; tinha muito cuidado para não quebra – las. 
E fui colecionando muitas bonecas: a tagarela, que só falava; o bebê, que urinava; a boneca Pedrita, que todas as meninas ganhavam.

O tempo foi passando e a poeira tomou conta delas. E, por mais que eu desse “banho”, já haviam perdido o brilho de quando as ganhei. Mas, por mais que o tempo passe e leve da minha memória – como um vento – os rostos das minhas bonecas, jamais esquecerei.

sábado, 10 de agosto de 2013

Não fui... Não sou... Nunca serei...


Na época de colégio, na antiga Biblioteca Pública Francisco Patti, no bairro da Lapa em São Paulo, estudantes participaram de uma palestra e quem esteve presente foi Bruna Lombardi, falando de seu livro de poesias. Mais tarde no trabalho em uma produtora de vídeo, vi diversos famosos, mas surgiu a oportunidade de conversar com Eva Wilma*, e falei sobre seu filho que estava estudando na mesma faculdade que eu, a ESPM. Na exposição dos 50 anos de Fernanda Montenegro, no Sesc Pompéia, conversei com John Herbert  
(em memória).
Paulo Goulart, recentemente sentado na poltrona de uma loja num shopping é muito simpático. Agnaldo Timóteo perto de um hotel na Avenida São João há anos atrás; Moacyr Franco na esquina perto de casa, pedindo informações. Gente como a gente, porém famosos, porque quem os vê, jamais esquece.
(*) Completa 60 anos de carreira.

Tecnológica


Priscila acordou com seu celular na mão, presente de seu pai no último Natal. Passou a noite em claro porque ficou enviando mensagens e torpedos.
- Não vivo sem meu celular – disse para mim um dia.
Custou a levantar da cama, e no banho quase deixou cair o celular dentro da pia ao escovar os dentes. Outras pessoas deixam cair o celular dentro da privada ou da banheira. Incrível...
Café e escola. Arrumou a mochila, não esquecendo o carregador da bateria do celular, sendo que seu pai comprara diversas vezes uma bateria de reserva, mas ela perde. Com isso, aproveita a energia “retirada” da sala de aula. Seus amiguinhos que ela chama de lerds* dão um jeito e não deixam que a professora perceba.
Pede para seu pai comprar a revista infotecnic para ver os lançamentos que acontece a cada dia. Sobra tempo para ouvir no ipod, as músicas que ela mesma faz o download dos sites da web e usa o tablet do pai, que compra para ela ler, os chamados e- books. Ela já teve um tablet, mas quando caiu no chão, quebrou a tela de LCD e fez aquela “melequeira” por causa do líquido que tem dentro, e ainda gritou:
 
- Pai, o tablet tá na garantia?

Acho esquisito quando ela deixa entre os lápis, borracha e canetas, o pente de memória, que o pai deu para ela guardar de lembrança. Ela é engraçada, mas é a minha melhor amiga.
Só sei que ela espera ganhar no próximo Natal, um notebook, mas tem que ser em 3D, porque todos os desenhos e filmes que assiste, usa seus óculos, se sentindo na era espacial.
(*) Usam conexão de baixa velocidade, e por mais que você paga por velocidade, mais a conexão fica lenta ou dizem que é excesso de pessoas usando a rede. Quando não trava, cai.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Tic Tac


Meu pai tinha muitas fazendas no interior de Goiás, e com a queda da bolsa de valores, perdeu todos seus bens. Assim como muitos, outros se suicidaram.
Pelo desgosto e com depressão, meu pai adoecera e veio a falecer. Minha mãe ficou com quatro filhos para criar. Gostava de cuidar dos jardins da casa da fazenda, mas precisou trabalhar com costuras, e bordadeira de mão cheia como era, sustentava os filhos.
Eu era o filho mais velho com 19 anos de idade. Fui trabalhar também. E as regalias que tive a mais do que meus outros irmãos em se tratando de estudos, comecei a trabalhar num escritório de contabilidade do amigo de meu pai. Tinha a caligrafia e datilografia, o que muito me ajudou. Pretendia ser advogado.
Minhas duas irmãs trabalharam de faxineiras em casa de família, mas conhecidas no povoado da fazenda, casaram – se com ricos fazendeiros e estão bem até hoje. Eu, minha mãe e meu irmão caçula, deixamos a casa da fazenda e fomos morar numa outra cidade, no interior mesmo de Goiás. Logo casei e fui trabalhar com meu sogro, que tinha um empório. Minha mãe cuidou do meu irmão caçula que pegou uma meningite e veio a falecer. Ela morreu de velhice.
Já não tenho mais, a lembrança que ficou em todos esses anos, do Tic Tac do relógio pendurado na parede da sala de jantar da casa da fazenda. Morri por causa de um enfarte.
Como meu pai, deixei mulher e filhos.
- O que se pode fazer? A vida termina para todos, seja rico meu pai foi, seja pobre como eu fui.



segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Massinha de modelar



Cheguei da escolinha da Tia Sílvia e sabia que naquela tarde tia Raquel, irmã da mamãe viria tomar um café com a gente. Papai trabalhava na fábrica.
Adoro as tardes de café com tia Raquel. Nossa mesa não costuma ser farta, como mamãe fala para mim.
- O que é farta mamãe?
- É quando a gente tem muita coisa para comer.
Agora entendo que quando tia Raquel chega mamãe fica contente.
Estica a toalha na mesa, coloca as xícaras e talheres, ajudo a colocar os guardanapos e chega tia Raquel com o bolo, a geleia, pão doce, queijo, pão fresquinho e o salame que tanto gosto.
Para divertir aquela tarde, peguei minha massinha de modelar e transformei – a numa lagartixa que ficou igualzinha. Coloquei atrás da garrafa de café e quando tia Raquel a pegou a garrafa, deu um grito, se assustou, mas viu que era uma brincadeira e começou a ser rir. Demos muitas gargalhadas no resto daquela tarde.

Esboço


Nós mulheres parecemos não aceitar mais os corpos em que nascemos. Colocamos silicone e botox.
Como diz o ditado: “Cada um faz do corpo o que bem entende.” Isso deve – se à modernidade com o avanço da medicina e lógico, a vaidade. Mas a história aqui é outra.
Meu avô Tinoco, conhecido fazendeiro do interior de Minas, tem como hobby pintar e esculpir. Ele não precisa, mas ganha uns trocados vendendo o que produz. São coisas que a gente conhece das feiras de artesanato: santos, vasos, figuras da região, feitos de material em argila, tirada da própria fazenda.
Os quadros são pintados com motivos de paisagem, o que ele mais gosta. Foi daí então que peguei o gosto pelas artes, e nas férias, passamos juntos, pintando e esculpindo formas. Vó Deolinda fica com seus afazeres na cozinha.
O que me atrai na fazenda, é um dos quartos da casa, sempre bagunçado com coisas antigas: móveis, relógios quebrados, bisnagas vazias de tinta e desenhos guardados numa caixa de madeira. Comecei a ver cada um deles, e o que me chamou a atenção foi o desenho do corpo de uma mulher.
Cheguei perto do meu avô e mostrando o esboço, perguntei quem havia servido de modelo, no qual respondeu:
- Sua avó Deolinda.

sábado, 3 de agosto de 2013

Era uma vez um gato.


Gato bonito
Só dava trabalho
Sujeira no quintal
Pulava no telhado.

Gato safado
Andava atrás de rato
Virava lata de lixo
No quintal só tinha mijo.

Gato sumido
Quem achar este gato
Tá sendo procurado
Esse gato é danado.