segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Segredo


Que estranho segredo existia entre avô e neto?

Desvende este segredo, lendo a próxima historinha que você encontra somente neste blog de literatura.
www.literaturaparatodos1.blogspot.com.br 

Meu filho Heitor e meu pai pareciam guardar um segredo. Todas as vezes que estavam juntos, Heitor tentava colocar a mão no bolso do paletó do meu pai. Meu pai por sua vez, dava leves tapinhas em sua mão e lançava piscadelas, e os dois, caiam na gargalhada.
Meu pai trabalhou a vida toda como funcionário público até se aposentar. Ficou viúvo não fez muito tempo e vivia adoentado.
Fomos morar na casa de papai que era grande. Desde o tempo em que todos meus irmãos se casaram e foram embora de lá, havia espaço suficiente para eu, minha esposa e meu filho Heitor morarmos. Várias vezes via meu pai bater a mão no bolso do paletó, até que muito adoentado, veio a falecer.
A casa não era a mesma sem papai. Eu gostava de morar ali, mas as condições em que ela se encontrava eram precárias e eu sem condições financeiras para fazer uma boa reforma, teria que vende – la por uma bagatela. Ninguém daria o valor na casa como eu dava e pela estima que eu sentia, e sentia muito ter que me desfazer dela.
Assim que enterramos o meu velho pai, Heitor veio perguntar pelo paletó do avô.
- Para que você quer o paletó do vovô? Ele está na garagem dentro de uma caixa de papelão com outras roupas para doação.
Heitor correu até a garagem e eu sem entender, corri atrás dele.
Ele abriu a caixa de papelão, espalhou as roupas pelo chão da garagem até encontrar o paletó. Heitor enfiou a mão no bolso e pegou uma chave. Olhou a chave, e sem dizer uma palavra, correu até o quarto de meu pai, e eu corri atrás dele para entender o que se passava.
Heitor subiu em cima da cama onde havia um quadro sobre a cabeceira. Ele tirou o quadro e uma pequena porta feita de madeira estava embutida na parede. Heitor pegou a chave e abriu - a com cuidado. Para minha surpresa por detrás da porta havia dinheiro e jóias, que reconheci sendo de minha falecida mãe.
A casa estava salva. O segredo do meu filho com meu velho pai salvaram a nossa casa.

Prolixo ou pro lixo?


Stand up
Devo alegar que existem frivolidades pueris que não me atingem ante a carcaça de torpes e inexauríveis insolências”.
Era assim que Clotilde respondia a todos
que dissessem ou falassem mal dela.

Eu estava com Clotilde andando no centro da cidade, em meu horário de trabalho, sobre o Viaduto do Chá, quando vi uma casca de banana jogada no meio da calçada perto de uma cesta enorme de lixo e diversos sacos pretos de lixo a serem recolhidos posteriormente pelo caminhão de lixo da Prefeitura, logo à noitinha.
Todo mundo sabe que uma casca de banana ao ser pisada, escorrega. Alguém já escorregou em uma casca de banana?
Foi o que aconteceu naquela tarde com Clotilde.
- Susy, depois daquilo que ele me falou...
- Clotilde, cuidado para não escorregar.
-... eu logo fui dizendo: “Devo alegar...                
- Clotilde não vai pisar na casca.
- Então eu disse pra ele: “Devo alegar que existem ...
- Clotilde! Cuidado com a casca...
E ouvi um sonoro: - PORQUE VOCÊ NÃO ME AVISOU!
Foi quando Clotilde escorregou e caiu com todo aquele prolixo por sobre a cesta e os sacos pretos de lixo.
Nota: Prolixo é um adjetivo que significa muito longo, extenso ou demorado
É empregado quando alguém fala ou escreve demoradamente, com o uso excessivo de palavras.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Bicharada



Versos cantados
A garota chegou perto
No recreio da escola
Dividiu a coca – cola
E um beijo ela me deu

Passeamos no zoológico
Nervoso eu estava
A bicharada alvoroçada
Mas eu resolvi dizer:

Girafa - fa - fa
Elefante - te - te
Macaco - co - co
Gosto muito de você

Gaivota - ta - ta
Jacaré - re - re
Rinoceronte - te - te
Gosto muito de você



Pombinhas no quintal

Da porta da cozinha dava para ver as pombinhas pinicando os farelos do pãozinho do café da manhã jogado no quintal.
Marlene, a mãe de Belinha elogiava o assado que tia Alzira preparava no almoço de todos os domingos. Tia Alzira gostava de cozinhar e seus dotes culinários deixavam todos com água na boca.

- Marlene, você gostaria de experimentar o ensopado que sobrou de ontem do jantar? – perguntou Tia Alzira.
Marlene logo disse que sim, mesmo porque as sobras de ontem parecem ter mais gosto.
O peitinho de frango colocado no prato de Marlene parecia saboroso.

- Que delícia, tia Alzira! Quer um pedaço Belinha? – gritou Marlene para Belinha que estava distraída no quintal vendo as pombinhas.
Belinha entrou na cozinha, espantando as pombinhas que saíram em revoada. Belinha ria com o seu feito. Postou – se a mesa e experimentou um pedacinho do peitinho de frango que sua mãe colocara no prato.

- Que gostoso Tia Alzira – disse Belinha.
Tia Alzira toda inchada com os elogios, disse na sua simplicidade:

- O peitinho de frango nada mais é que uma das pombinhas do meu quintal.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Caso encerrado


O escritório de advocacia estava lotado de pessoas e a doutora não voltava do consultório do dentista. Alguns clientes impacientes estavam indo embora. Havia muitos casos para serem solucionados, como o caso do senhor Sebastião, que vinha ao escritório acompanhado de sua mãe para resolver o problema da marmita dele. Não sei se é para rir, mas esse caso é um tanto pitoresco. Mãe e filho tinham vindo em outra ocasião, mas como o caso não foi resolvido, retornaram.
- Como vai senhor Sebastião? – recepcionei – os cordialmente.
Estava admirada com o caso dele para um escritório de advocacia, mas muitos clientes estavam ali para processar alguém ou alguma empresa, ou até mesmo conseguir ganhar na justiça algum tipo de indenização por sentirem – se lesados ou coisa que o valha.
Senhor Sebastião estava ali para processar por danos moral e material, a empresa onde trabalha.
Ocorre que toda a vez que leva a marmita ao refeitório para ser esquentada no marmiteiro, depois que volta para almoçar com a marmita esquentada, ao abri – la, a encontra cheia de pedras, e um “engraçadinho” comeu toda sua comida. E não é só isso: todos os seus colegas de trabalho dão risada da cara dele.
- Ainda vou resolver esse caso com ou sem a doutora.
Disse – me que iria colocar veneno de rato na comida, e assim descobriria o culpado dando por fim à brincadeira de mau gosto e colocando o “engraçadinho”, no seu devido lugar: no cemitério.
- Não faça isso, senhor Sebastião! – disse- lhe.
Então dei a ideia de que ele colocasse na marmita por sobre a comida, um pouco de óleo de rícino, e assim que o engraçadinho comesse da marmita, daria nele uma dor de barriga, daquelas a ponto de ir parar no pronto socorro.
Senhor Sebastião agradeceu a ideia e foi embora, saindo cabisbaixo do escritório, porque a doutora não tinha voltado do dentista.
E não é que deu certo! O senhor Sebastião voltou para dizer que o “cabra” suava tanto e se contorcia de tanta dor,  que precisaram chamar a ambulância para levar o engraçadinho  ao pronto socorro.
- Então eu perguntei se era ele que toda vez comia  da minha marmita. Ele se contorcendo de dor de barriga confessou que era ele que fazia a brincadeira – disse – me o senhor Sebastião.
Bem, um caso a menos para a doutora resolver, caso encerrado.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Miseravelmente Felizes


Toquei a campainha, Adriano irmão de Berenice abriu a porta gentilmente naquela tarde. Do corredor dava para ouvir a sonata que eu tanto gostava: “Sonata ao Luar” de Beethoven.
A mesa do chá estava servida. Berenice assentiu com a cabeça para que eu sentasse. Ela dedilhava a música com desenvoltura, mostrando os anos de dedicação e estudos ao piano.
Nada mudara desde a última vez que nos vimos. Talvez as paredes um pouco mais escuras e os móveis quase sem brilho dava certa sutileza de que o tempo passa.
Olhei para Adriano sentado à mesa a espera da irmã que acabava de tocar a sonata. Sorriu – me neste momento com um sorriso acanhado e amarelado do tempo.
Berenice assim que acabou de tocar, aplaudi gritando um sonoro bravo! Cada nota tocada me faz chorar, é sempre assim quando ouço “Sonata ao Luar”.
Por fim, estávamos felizes naquela tarde.
Nada mudou desde os últimos 10 anos. Éramos felizes: eu, Berenice e Adriano.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Escadaria do Municipal

 
Versos cantados
Todas as terças – feiras
Sempre ao meio – dia
Músicos tocavam seus instrumentos
Na escadaria

Ta tara tara tara tara
Ta tara tara tara tara


Eu saía da faculdade
Não perdia um dia
O coral cantava como anjos
Na escadaria

O o o o o o o o o o o o
O o o o o o o o


Na escadaria do Municipal
 
 

Renande Cyber Café


Renan e Denis não paravam de brigar desde que o cyber café foi inaugurado. Renan detestava olhar para aquela pequena estante de livros colocada no fundo da loja pelo seu irmão Denis. A briga só parou quando souberam da notícia do falecimento do tio Tales e que receberiam uma herança milionária. 
Pietro entrou na faculdade de comunicação. Pela manhã estudava as matérias e não via a hora de ir para o Centro Acadêmico que ficava do outro lado da avenida. Lá encontraria a biblioteca para pesquisa e a internet. Gostava da lanchonete para comer o hambúrguer. Como calouro, as meninas também se chegavam.
De um lado para o outro da avenida, descobriu que havia uma viela de passagem para a rua de cima, e era lá que o Renande Cyber Café existia. Não existe mais porque um dos irmãos desapareceu logo depois da notícia do falecimento do Tio Tales, ficando Renan com todo o cargo, tendo que fechar a loja. Assim foi dito por uma veterana do terceiro ano da faculdade a Pietro.
Pietro sempre passava por esta viela. De bicicleta, conheceria todo o bairro. O Renan Cyber Café era um lugar de encontro de estudantes da faculdade e por muitas vezes, ficava lotado.
Num desses dias, Pietro resolveu descer da bike para espiar o lugar fechado. Dava para ver alguma coisa pela fresta da porta, pois a janela estava coberta por um pedaço de papelão.
Assim que tocou na maçaneta, a porta se abriu. Curioso, entrou e se deparou com muita sujeira. Xícaras de porcelana branca quebradas estavam espalhadas pelo chão. O que chamou a atenção de Pietro foi uma pequena estante no fundo da loja. Deduziu que fosse de livros porque estava calçada com um livro. Tentou tirar o livro debaixo da estante, mas estava difícil. Insistiu colocando mais força, até que a estante veio abaixo quase caindo sobre ele. Parado ficou quando viu uma porta que estava atrás da estante se abrir e cair de dentro dela o corpo de um homem. Assustado, correu até o Centro Acadêmico. Já era quase noite, e a primeira pessoa que viu foi o segurança. Contou o que viu e voltaram ao local onde estava o corpo estendido no chão. Chamaram a polícia e investigaram. Renan era o principal suspeito pela morte de Denis. Encontraram Renan numa praia em Pernambuco, curtindo um sol e com todo dinheiro herdado.
Pietro voltou para casa. Chegou ao seu quarto, e da mochila tirou o livro que havia encontrado na loja: “Os Lusíadas” de Camões.