terça-feira, 10 de dezembro de 2013

STRONG


Versos cantados

Existia um tal de bullying lá na minha escola
Eu tinha um namorado que não me dava bola

As aulas eram um tédio eu não estava nem aí
Alguém me convidou na igreja para eu ir

Um menino americano sentou – se do meu lado
Me disse com Jesus você será abençoado

A palavra do Senhor não é de brincadeira
Na vida com Jesus você não anda de bobeira

O menino americano que me disse: Strong
O menino americano que me disse: Strong

O menino americano que me disse:
Strong girl, strong girl, strong girl



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Fantasmas de Botas



Mudamos para uma nova casa e havia algo que não me cheirava bem. A vila era formada por seis casas pequenas de cada lado e a nossa casa era a maior de todas. Ficava no centro de frente ao portão principal assim formando um quadrilátero. O portão costumava ser fechado logo que batia meia – noite e ninguém poderia entrar ou sair a não ser que carregasse a chave consigo. Ás vezes eu saia com os amigos e chegava de madrugada. Encontrava o portão fechado antes da hora e isso me dava nos nervos. Se eu esquecesse a chave, dormiria na rua.
Perguntei - me por diversas vezes, quem fechava aquele portão.
Os vizinhos estavam sempre andando de um lado para o outro da vila, sorrindo para mim e quando não, acenavam com a mão.
Na nossa casa éramos eu, minha mãe e meu irmão caçula. A casa nos foi deixada de herança por um tio que meu pai desconhecia. Como meu pai veio a falecer, a casa ficou no meu nome. Minha mãe adoentada muito fazia para cuidar de meu irmão caçula enquanto eu saia para trabalhar.
Mas como eu disse: algo não me cheirava bem. Comecei a reparar no dia a dia dos vizinhos: nunca abriam as janelas ou portas e quando estavam abertas, pareciam ser o vento que abria. Durante a noite, ouvíamos bater as portas e não conseguíamos dormir. Reparei também no que vestiam. Eram roupas simples, porém todos calçavam botas. Eram crianças, jovens, velhos, todos usavam botas. Da janela do meu quarto, tudo isso eu pude observar, mas quando dei por mim, encontrava - me no meio da vila por entre as pessoas que andavam de um lado para o outro acenando para mim e distribuindo sorrisos. Saí tão depressa de dentro de casa que nem percebi ter descido as escadas. Num impulso, agarrei uma criança que passava, mas não consegui segura – la. No mesmo gesto tentei agarrar uma senhora e tendo a mesma sensação, um vácuo passou pelas minhas mãos.
- Fantasmas! - pensei.
Virando - me, olhei para a porta de casa, estavam minha mãe e meu irmão de olhos arregalados vendo meu jeito. Por um instante olhando os pés dos dois, me deu a impressão que estavam de botas também, mas foi só impressão. Abracei – os junto ao meu corpo para sentir que estavam ali e puxei os dois por toda a vila até chegarmos para fora do portão bem longe dali. Os dois não entenderam, mas a vila era cheia de fantasmas e todos calçavam botas. Pernoitamos na casa de um parente e no dia seguinte soubemos que a vila seria implodida, porque a vila para minha surpresa, há muitos anos não era habitada, e quem morava na nossa casa era um magnata chamado Frederico Ferreira, que obrigava seus empregados - que moravam na vila - a usar todas as botas que ele fabricava.


Frederico Ferreira tem algo para contar sobre essa história que Felipe contou. Assista ao vídeo e surpreenda -se com o final.


Versos cantados
Felipe contou a história
mas a história não é bem assim
Meu pai fabricava as botas
ele era um homem ruim

Deixava as pessoas descalças
trabalhavam até não ter fim
Não podiam comprar suas botas
ele era um homem ruim

Fantasmas de botas nós somos
mas não é pra ninguém se assustar
Fantasmas de botas voltamos
para esta história explicar

Depois que meu pai morreu
magnata tornei – me sim
Todos riram da minha cara
mas eu não era um homem ruim

Calcei todos meus empregados
agradeceram e felizes ficaram
E todos em minha homenagem
as botas eles usaram

Fantasmas de botas nós somos
mas não é pra ninguém se assustar
Fantasmas de botas voltamos
para esta história explicar

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Sonho de Estela


Versos cantados

De noite, de noite
Eu ouvi pela janela
Gritou meu nome que é Estela
E que queria me amar e me amar

Mas eu
Mas egoísta que eu era
Disse vai embora e não me espera
Porque estou indo viajar e viajar

Voltei
Fico olhando na janela
Aquele homem que dissera
Que queria me amar e me amar

Não sei
Acho que o tempo não espera
Fico olhando na janela
O meu amor voltar

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Dedo - duro


Acabando meu expediente de trabalho sigo até o ponto de ônibus a caminho de casa e no mesmo horário saem os estudantes da Faculdade de Medicina São Virgílio e o ponto fica lotado.
Algo diferente chamou – me a atenção naquele dia. Um dos estudantes trazia nas mãos, um pote de vidro com algo dentro. Parecia um dedo boiando dentro de um líquido e cheirava a formol. O estudante olhava fascinado para o que havia dentro dele. Ele agitava o pote e ás vezes dava a impressão que o pote que agitava ele. Achei esquisito tudo aquilo e resolvi prestar atenção no ônibus que estava para chegar. Para minha surpresa o estudante, pegou o mesmo ônibus que eu. Assim que atravessei a catraca, sentei – me e logo ele veio sentar – se atrás de mim.
- Que azar! – pensei. Aquele cheiro me dava náusea e intrigada olhei para trás. O dedo de dentro do pote de vidro apontava para minha cara. O ônibus em alta velocidade freou bruscamente e o vidro escapando das mãos do rapaz, espatifou – se no chão. Espalhou – se o cheiro de formol pelo ônibus todo. Foi daí que vi o dedo rolar pelo corredor sumindo por entre os bancos e passageiros que estavam de pé. Era uma cena de filme de horror. O rapaz pôs – se a procurar o dedo e não o encontrando, subitamente resolveu descer do ônibus no próximo ponto. Ao chegar a casa, tomei meu banho e jantei. Assisti a um filme e fui deitar, mas antes entrei no banheiro para escovar os dentes, quando vi escrito no espelho com creme dental: OSVALDO MATOU SEU PAI.
O dedo cheio de pasta de dentes estava ao lado da torneira sobre a pia. Num sobressalto, corri ao telefone e liguei para a polícia. Expliquei o caso, mas acharam que se tratava de um trote. Realmente se alguém me contasse essa história eu também não acreditaria. Mesmo assim fui à delegacia levando o dedo enrolado numa toalha.

Atenciosamente, o delegado Júlio ouviu o meu relato e acreditando - porque havia um dedo - duro na história - investigou o caso e descobriu que o dedo era do compadre do meu pai, que depois de ter morrido veio confessar que foi Osvaldo o sócio deles nos negócios, quem matou meu pai. Concluído o inquérito, o corpo de meu pai foi exumado. De fato ele não morreu de enfarto como se pensara. Uma marca em seu pescoço apontou como causa de sua morte: esganadura. Osvaldo foi preso. E se me perguntarem sobre o dedo, foi parar no lugar em que estava, ou seja, na mão do dono. O estudante de medicina sem autorização pelo que fez, foi repreendido e expulso da faculdade desistindo assim, da medicina. E eu continuo as sessões de psicanálise, para entender como tudo isso aconteceu.