segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Esboço


Nós mulheres parecemos não aceitar mais os corpos em que nascemos. Colocamos silicone e botox.
Como diz o ditado: “Cada um faz do corpo o que bem entende.” Isso deve – se à modernidade com o avanço da medicina e lógico, a vaidade. Mas a história aqui é outra.
Meu avô Tinoco, conhecido fazendeiro do interior de Minas, tem como hobby pintar e esculpir. Ele não precisa, mas ganha uns trocados vendendo o que produz. São coisas que a gente conhece das feiras de artesanato: santos, vasos, figuras da região, feitos de material em argila, tirada da própria fazenda.
Os quadros são pintados com motivos de paisagem, o que ele mais gosta. Foi daí então que peguei o gosto pelas artes, e nas férias, passamos juntos, pintando e esculpindo formas. Vó Deolinda fica com seus afazeres na cozinha.
O que me atrai na fazenda, é um dos quartos da casa, sempre bagunçado com coisas antigas: móveis, relógios quebrados, bisnagas vazias de tinta e desenhos guardados numa caixa de madeira. Comecei a ver cada um deles, e o que me chamou a atenção foi o desenho do corpo de uma mulher.
Cheguei perto do meu avô e mostrando o esboço, perguntei quem havia servido de modelo, no qual respondeu:
- Sua avó Deolinda.

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