terça-feira, 13 de agosto de 2013

Bonecas ao vento


Desde que nasci, cresci vendo uma boneca de louça com seu corpo feito de pano, toda molarenga, que só queria dormir. Seu nome: soneca. Essa boneca sumiu dando lugar a outra de borracha, que seria uma enfermeira com chapéu da cruz vermelha. Jogava de um lado para o outro, mas vivia abraçada nela. Fui crescendo e ganhei uma de plástico comprada na feira, mas foi tomada pela afilhada da minha mãe que queria a boneca de qualquer jeito. Logo me deram uma que quando apertava os bracinhos, apagava as velinhas. Nunca risquei minhas bonecas com caneta; tinha muito cuidado para não quebra – las. 
E fui colecionando muitas bonecas: a tagarela, que só falava; o bebê, que urinava; a boneca Pedrita, que todas as meninas ganhavam.

O tempo foi passando e a poeira tomou conta delas. E, por mais que eu desse “banho”, já haviam perdido o brilho de quando as ganhei. Mas, por mais que o tempo passe e leve da minha memória – como um vento – os rostos das minhas bonecas, jamais esquecerei.

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