Desde que nasci, cresci
vendo uma boneca de louça com seu corpo feito de pano, toda
molarenga, que só queria dormir. Seu nome: soneca. Essa boneca sumiu
dando lugar a outra de borracha, que seria uma enfermeira com chapéu
da cruz vermelha. Jogava de um lado para o outro, mas vivia abraçada
nela. Fui crescendo e ganhei uma de plástico comprada na feira, mas
foi tomada pela afilhada da minha mãe que queria a boneca de
qualquer jeito. Logo me deram uma que quando apertava os bracinhos,
apagava as velinhas. Nunca risquei minhas bonecas com caneta;
tinha muito cuidado para não quebra – las.
E fui colecionando
muitas bonecas: a tagarela, que só falava; o bebê, que urinava; a
boneca Pedrita, que todas as meninas ganhavam.
O tempo foi passando e
a poeira tomou conta delas. E, por mais que eu desse “banho”, já
haviam perdido o brilho de quando as ganhei. Mas, por mais que o
tempo passe e leve da minha memória – como um vento – os rostos
das minhas bonecas, jamais esquecerei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário