quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Embarquei numa furada.


Esperávamos por mais um frasco azul que vinha do laboratório Smerc, para que o ar que respirávamos se tornasse menos poluído e mais respirável.
Verificávamos as entradas de ar que para mim pareciam canos de esgoto e saídas de água, o depósito que para mim parecia lixo reciclável. Mas quando o frasco azul chegava, era notícia em todo o lugar. Dava até briga entre a gente por causa do frasco.
Dentre muitos frascos azuis que havia no depósito, achei pedaços de papel, inclusive um que estava escrito que eu sairia dentro de duas semanas.
E a rotina continuava naquele lugar todo branco, com pessoas vestidas de branco, o ar fresco, cheiro bom que vinha do frasco azul. Ás vezes aparecia pessoas diferentes, e isso era motivo de festa, pois distribuíam balas e chocolates.
Quando sentíamos que o ar não era tão respirável, verificávamos no depósito se havia o frasco azul, víamos nas entradas de ar, e assim passava o nosso tempo na correria para lá e para cá, atrás do frasco azul. Quando não, rolavam no chão, chutávamos o frasco azul como se fosse uma bola. E nos divertíamos. Orávamos pela manhã e fumaças saídas de incensos com cheiro de lavanda, nos dava ânimo.
Chegou o homem de branco e disse que eu já podia ir embora.

- E o frasco azul? – perguntei a ele.

- Veja – disse ele apontando para o portão.

Meus pais me esperavam. Explicaram – me que sofri um acidente na volta do sítio do meu avô, e que me trouxeram para cá, nesta clínica psiquiátrica, pois não havia outro hospital por perto.

Foi daí que dei conta, dentre outras coisas, que o frasco azul era nada mais nada menos que um produto de limpeza.

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