Eu e Jéssica
esperávamos o ônibus quando passou uma senhora muito elegante
vestindo um casaco vermelho oferecendo trufas recheadas nos mais
diversos sabores. De regime, eu e Jéssica dissemos que “não,
obrigada”.
Neste meio tempo
observei aquela senhora em seu casaco vendendo trufas, encontrando em
seu olhar certo cansaço. Seus dentes eram escuros talvez
devido à nicotina do cigarro, e a cor do seu batom combinava com a
cor do casaco.
- Que passado teria
essa senhora? – perguntei à Jéssica.
- Vai saber se não era
uma advogada ou executiva de sucesso.
Meu olhar foi
acompanhando os passos dela, que caminhava lentamente. Assim que o
semáforo ficou vermelho, ela atravessou a rua, e ao chegar do outro
lado da calçada, tudo foi ficando em preto e branco, como nas fotos
de antigamente. O modelo do seu casaco lembrava o ano de 1.950.
Minas Gerais, 1.950:
Maura, a mulher do casaco vermelho trabalha num escritório de
advocacia como secretária. Casa – se com Alberto, um funcionário
público. Não tiveram filhos, mas sua melhor amiga pede que ela e
Alberto batizem sua filha Sara.
São Paulo, 1.988:
Dentro da farmácia,

- Você é uma moça
muito simpática – disse Maura para mim. Como se chama?
E eu com um sorriso,
respondo:
- Sara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário